24 de fevereiro de 2007

Chuva na emissora



Sonhar com as cores.

Não querer sonhos lúcidos

E adormecer apenas para ver a cores.

Hei-de conseguir...

Escrevo-te para devolver tudo o que não deste




Escrevo-te do lugar onde nos encontrámos e separámos.A velha estação de comboio,à beira das árvores despidas pelo vento,ao cair da tarde,ao cair de Setembro.O comboio que te trouxe e levou.
Escrevo-te daqui,do lugar onde disseste: ficarei para
sempre.E partiste.A marca da despedida na última página do teu
diário.Do lugar onde estragámos a festa,espantámos a
caça,atrapalhámos o trânsito.O lugar onde nos encontrámos e
separámos: o Outono.Escrevo-te do lugar onde marcámos o nosso
desencontro.
Íamos de viagem e o comboio parou,durante dois anos,na estação mais
sinistra do percurso.Ficámos ali sozinhos no centro do nada.Onde
está o maquinista,os outros passageiros?Nenhuma explicação,ninguém a
quem apresentar queixa.
Encalhámos no Outono.Conhecemo-nos em Julho e já era Outubro.Nunca
saímos do Outono.Não houve Primaveras nem Verões nos anos do nosso
amor.Ficámos suspensos a ver as árvores despirem-se.Olhei-
te,confundido: porque nos atiraste para aqui?
Mas tu eras muito jovem e não ouvias.Estavas deslumbrada com a tua
força.Paraste o mundo no Outono.
Ergueste uma barreira e conseguiste deter o próprio movimento do
planeta.Uma barreira de mentiras e ardis,de perfídias e
cobardias,acinte e frio e vazio,tu gostavas de brincar com palavras
com muitos iis.
Escrevo-te do lugar onde humilhámos o Universo.
Para te devolver tudo.As carícias que esqueceste.As cartas que não
escreveste.E as que nunca abriste.
Escrevo-te para devolver tudo o que não deste.E as horas de
desespero,de olhos fechados em frente ao mar.A espera inexorável e
mesquinha,junto ao telefone.Escrevo-te para devolver a marca de
esperança louca,na última página do meu diário.Escrevo-te.Para
devolver o Outono.

Paulo Moura,in Revista Pública

22 de fevereiro de 2007

You touch my tralala

Faça-se silêncio.
O espectáculo está prestes a começar.
Porque o estilo não está ao alcance de todos.
Convosco e na vossa presença,tenho o prazer de vos apresentar o verdadeiro,o magnífico,o grande,o músico,o galã...numa palavra só: GUNTHER!!!



20 de fevereiro de 2007

A mais bonita de sempre....

Tonight Im tangled in my blanket of clouds
Dreaming aloud
Things just wont do without you, matter of fact
Im on your back, Im on your back, Im on your back

If you walk out on me, Im walking after you
If you walk out on me, Im walking after you

If youd accept surrender, Ill give up some more
Werent you adored
I cannot be without you, matter of fact
Im on your back, Im on your back, Im on your back

If you walk out on me, Im walking after you
If you walk out on me, Im walking after you

Another heart is cracked in two, Im on your back

I cannot be without you, matter of fact
Im on your back, Im on your back, Im on your back

If you walk out on me, Im walking after you
If you walk out on me, Im walking after you
If you walk out on me, Im walking after you

Another heart is cracked in two, Im on your back

18 de fevereiro de 2007

Time Life Line

Como fazer da luz uma arte (by Maurizio Nannucci)

-Liga aí o NÉON se faz favor.

-Ena!Quero um igual!

Amorfos


Pasmar com a persiana corrida pelo fim da tarde e alimentar o perverso prazer de se ter fome e viver o ciso e sentir a cobardia das gengivas que recuam e fazer o mundo numa bola de saliva...

16 de fevereiro de 2007

Paródia Negra

4 de fevereiro de 2007

Not all at once

O curioso da vida não será estar num qualquer lugar e constatar o que ocorre, com olhos mais ou menos objectivos, dependentes da inerente essência individual, esperando que nosso destino surpreenda. Não. Pelos pormenores somos traídos enquanto experimentamos. A vida, provocadora de estado caótico, quando dela pensamos já tudo esperar, regenera expectativas. Sem surpresas nem quotidianos monótonos. Inexactidões díspares até,e com efeito.
A beleza ocorre, sim, aquando o inesperado transcende o acaso, ele mesmo regulado numa mecânica de relógio. Contudo, falar de impressionismo não expectante é deveras diferente.
Invariavelmente, num algures espaço com parca luminosidade, por vezes repleto de aguda escuridão, reside o fugaz alcance da busca para a qual, consciente ou não, somos todos incutimos, dia após jornada.
O simples vislumbre de rosa repousante confronta o inesperado. Em forma analítica, é a metafísica que espreguiça, bocejo de destino que dá conta do sono no qual dormimos. Essa rosa, enquanto objecto formal e visual de sobressalto e espasmo de incredulidade, sendo ela despida ou repleta das pétalas que a fazem, nada significa isoladamente. Na verdade, conjuga-se com o espaço físico que aluga bem como com a sombra que dela nasce. Em suma, sua presença. Existe em forma de atitude subjectiva e subjacente, representação simbólica de mensagem em diálogo mudo.
A beleza da vida será senão a chegada num qualquer lugar e assentir o contágio daquilo que os olhos trouxerem de contentamento. Saltando, desde logo, de felicidade. Gritando de emoção que hoje o destino surpreendeu.